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Tromboflebite Superficial

É uma doença vascular caracterizada pela presença de trombo e reação inflamatória de uma veia superficial. Condição bastante comum, sendo a maior incidência em mulheres portadoras de varizes em membros inferiores, principalmente nas tabagistas. Em 60 a 80% dos casos, a Safena Interna está acometida concomitantemente.

A fisiopatologia desta afecção é compreendida através da Tríade de Virchow, onde este anatomo-patologista alemão concluiu que quando ocorre a oclusão trombótica de qualquer vaso, três fatores estão em jogo: lesão endotelial, estase circulatória e aumento da coagulação.

As tromboflebites superficiais podem ser primárias ou secundárias. A forma clínica primária ocorre quando aparentemente não tem causa, mesmo após algum tempo de investigação, podendo estar associado a um estado de hipercoagulabilidade por defeitos específicos: sendo mais prevalente as alterações no fator V de Leiden e mutação da protrombina G20210A, mas também podendo ocorrer deficiência da antitrombina III, cofator II da heparina, proteína C, proteína S, fator XII, entre outras alterações.

Entretanto, a grande maioria dos casos ocorre na forma secundária, onde na anamnese é possível constatar o fator desencadeante. Alguns tipos merecem destaques: gravidez, varizes, imobilização, uso de contraceptivos, pós-operatório, uso de cateterismo e injeções intravenosas.

O diagnóstico é essencialmente clínico, facilitado pela localização do processo. Identificado como vermelhidão e cordão endurecido palpável logo abaixo da pele. Em casos mais intensos, pode ocorrer uma periflebite com dermatite e queimação local. Essa dor pode aumentar com a palpação e com a movimentação do membro e tente a diminuir durante o repouso com o membro elevado.

Geralmente, não há necessidade de exames complementares para concluir o diagnóstico, exceto, em casos com suspeita de Trombose Venosa Profunda ou outras doenças associadas. O exame ecocolordoppler venoso é indicado quando há sinais de TVP ou em flebites superficiais proximais, principalmente, quando a Safena Interna na região da coxa está acometida, pois a trombose pode se entender até a croça e acometer o sistema venoso profundo. Entretanto, buscar a causa desencadeante é indispensável, já que diversas patias clínicas podem estar associadas. Em casos de tromboflebites recorrentes, tromboflebites em veia não-varicosa, em pacientes jovens hígidos, deve-se examinar minuciosamente à procura de outras doenças existentes e discrasias sanguíneas.

As complicações mais graves dessa afecção são a trombose venosa profunda e a embolia pulmonar, porém, na maioria dos casos, o prognóstico é de caráter benigno, não comprometendo o retorno venoso e a hemodinâmica corporal.

O tratamento varia de acordo com a extensão, o local, a intensidade e a causa desencadeante. Podem ser utilizados compressas elásticas, calor local, medicações anti-inflamatórias e analgésicas e pomadas. A deambulação é essencial e deve ser estimulada desde o início intercalando com momentos de repouso com os membros elevados. O tratamento anticoagulante deve ser iniciado em casos de suspeita de TVP. Há situações, que uma drenagem do coágulo local pode ser realizada para amenizar o processo inflamatório e a dor.

Como já foi dito, as tromboflebites superficiais geralmente encaminham com uma evolução benigna e regredindo em um período de 1 a 3 semanas. Porém, pode deixar sequelas, tais como: cordão fibroso (o processo inflamatório evolui para fibrose, que determina a permanência do cordão venoso endurecido), pigmentação parda (devido a dermatite por contaminação) e podem ocorrer alterações tróficas da pele.

É primordial que já nos primeiros sintomas e sinais seja feito a procura ou o encaminhamento ao Angiologista, a fim de promover uma consulta especializada com uma avaliação do comprometimento vascular existente. Pois, quanto mais precoce for feito o diagnóstico correto, mais rápido será empregado o tratamento adequado e maior será a possibilidade de uma resposta terapêutica satisfatória.

Para tanto, vale ressaltar os diagnósticos diferenciais e as afecções associadas à tromboflebite superficial, como: linfangite, eritema nodoso, vasculite, colagenoses, sarcoidose e sarcoma de Kaposi. Tais lesões apresentam evolução mais arrastada, circulares e não respeitam o trajeto linear das veias superficiais e estão associadas a sinais sistêmicos, como febre, dor articular e linfonodomegalia.

Linfedema Primário e Secundário

O sistema linfático tem como objetivo proporcionar um meio ambiente adequado para o desenvolvimento das atividades vitais de cada célula do nosso corpo. Para isso, esse sistema ajuda na eliminação de restos celulares e microorganismos, além de auxiliar na nossa imunidade. A linfa, que é o produto dessa filtração, acompanha o sentido das veias, porém a via linfática possuem uma capacidade bem superior às necessidades do nosso corpo e também conta um sintema de válvulas, que impede o refluxo linfático.

O edema, que ocorre devido o aumento do volume desse fluido, é o resultado de uma alteração no equilíbrio entre a filtração capilar e drenagem linfática. Ocorrendo quando a carga linfática ultrapassa a capacidade de transporte, ou quando há perda da função normal dos linfáticos, que não conseguem exercer seu papel corretamente.

O linfedema ou edema linfático é apenas um sinal clínico, dentre outros, que pode ser encontrado em pacientes com insuficiência linfática de diferentes causas, como: congênita, traumática, pós-infecciosa, entre outras, não sendo a mesma doença.

Há diversos tipos de classificações, sendo a classificação entre primária e secundária, a mais utilizada. Os linfedemas secundários ocorrem em tecido linfático previamente normal, sendo possível estabelecer a causa específica pela história clínica ou por exames complementares. Os lifedemas primários ocorrem alterações congênitas do desenvolvimento de vasos linfáticos e linfonodos ou obstrução de causa desconhecida (linfedemas idiopáticos), podendo ser dividido em congênito (surge antes do segundo ano de vida), precoce (surge a partir dos 2 anos e antes dos 35 anos) e o tardio (manifesta após 35 anos de idade).

A causa mais comum de linfedemas secundários é o câncer (principalmente próstata e mama), podendo causar devido compressão das vias linfáticas pelo tumor ou devido o próprio tratamento cirúrgico e/ou radioterápico. Outra causa muito frequente em nossas clínicas é a erisipela vera ou erisipelatóide de repetição.

As alterações teciduais que ocorrem devido à essa insuficiência linfática crônica, como o aumento total dos tecidos (pele, subcutâneo e tecido conjuntivo), como edema que assume um aspecto como “casca de laranja” com sinal de Godet positivo (após a compressão digital, a depressão não volta ao normal imediatamente após a descompressão). Apesar de ter estudos ressaltando o acumulo de proteínas, células imunes e outras substâncias, as suas origens dessas modificações ainda permanecem mal conhecidas.

O tratamento é paliativo e tem como objetivo a redução do edema afim de recuperar a funcionalidade, reduzir as complicações e restaurar o aspecto estético do membro. O tratamento clínico consiste em drenagem linfática manual, cuidados da pele, compressão e exercícios específicos (mobilização das articulações e músculos, iniciando no ombro e quadril, progredindo para as porções distais dos membros).

Apesar do tratamento clínico ser o de escolha, o tratamento cirúrgico tem suas indicações: casos de câncer maligno, linfema penoescrotal, linfedemas gigantes após redução com o tratamento clínico (neste caso como indicação estética), entre outras.

O importante é procurar fazer uma consulta especializada com o seu Angiologista, afim de avaliar o comprometimento existente e indicar o tratamento adequado. Pois quanto mais rápido der início ao tratamento correto, melhor e mais precoce será o resultado esperado.

Trombose Venosa Profunda (TVP)

Uma doença que se caracteriza por uma formação de coágulos (trombos) em veias profundas, levando a uma obstrução total ou parcial da veia afetada, principalmente dos membros inferiores. Desenvolve-se a partir de um dos fatores da Tríade de Virchow, que são: Estase Venosa (diminuição do fluxo venoso), Lesão Endotelial (proporcionando diretamente a formação de trombos), Hipercoagulabilidade (sangue fica mais suscetível à formação de coágulos).

Há pessoas que possuem maiores possibilidades de apresentar essa patologia, os fatores de riscos já relatados são: tromboembolismo venoso prévio, história prévia de embolia pulmonar, varizes, pós-cirurgias, imobilização prolongada, obesidade, idade (superior aos 40 anos), uso de anticoncepcionais, gravidez e puerpério, insuficiência cardíaca, entre outros. Ressaltando que esses fatores estão diretamente relacionados com a Tríade de Virchow.

A TVP se manifesta de formas variadas, sendo as alterações baseadas na obstrução venosa, reação inflamatória do vaso e dos tecidos vizinhos e pelo deslocamento total ou parcial do trombo. Variando da forma assintomática à sintomática, sendo os sinais e sintomas encontrados: sinais flogístico (dor, rubor, calor e edema) no local, rigidez da musculatura da panturrilha, dor à palpação muscular, sinal de Homans (desconforto na panturrilha após dorsoflexão passiva do pé). Sendo a embolia pulmonar, uma complicação mais grave, e pode surgir como consequência da movimentação do trombo.

Há dois quadros clínicos, que traduzem maior gravidade e requer uma atenção direcionada. A Flegmasia alba dolens: ocorre geralmente devido a um trombo localizado no seguimento femoroilíaco, se caracterizando por dor e edema intensos e palidez (pelo arterioespasmo, com dimiuição dos pulsos distais). E a Flegmasia cerúlea dolens: ocorre pela obstrução total ou quase total do seguimento femoroilíaco, de suas colaterais e, algumas vezes, das veias poplíteas, acarretando uma estagnação sanguínea total do membro. Normalmente é uma evolução da Flegmasia alba, e se caracteriza por uma dor de grande intensidade e por formar rapidamente edema intenso e tornar o membro inferior cianótico, frio e tenso.

Pode ter uma grande suspeita pela clínica, mas para fazer um diagnóstico de certeza é necessário realizar alguns exames complementares como: flebografia, ecocolordoppler, ressonância nuclear magnética, entre outros.

No tratamento utiliza-se anticoagulantes (medicações que impedem a formação de novos trombos) e regulando a dosagem pelo valor do INR, diminuindo a chance de complicações mais graves como a embolia pulmonar. Todavia, o pricipal é evitar o aparecimento de uma TVP, produzindo estratégias pra diminuir os fatores de riscos possiveis, como exemplos: a administração de anticoagulante (doses baixas) em pacientes acamados, o uso de meias elásticas para portadores de insuficiência venosa crônica. E até o exercício físico (caminhada,…) é uma prática simples e de grande importância para prevenção dessa patologia.

Porém, diante de qualquer uma dessas alterações, procure um serviço de Angiologia para uma avaliação especializada e um tratamento adequado. Pois quanto mais rápido o diagnóstico, mais eficaz será o tratamento e menos chances de riscos para sua saúde vascular e geral.

Feridas crônicas – como fazer um curativo em feridas nas pernas

As feridas crônicas possuem diversas causas, mas em sua grande maioria, surgem como consequência do agravamento de moléstias vasculares venosas. Podem iniciar de forma espontânea ou desencadeadas por traumas locais, como picadas de insetos e coceiras. Surgem então pequenas lesões, principalmente nas regiões próximas ao tornozelo, que se agravam gerando úlceras que freqüentemente cronificam pela falta de cuidados. O seu tratamento, mesmo quando realizado de modo adequado, costuma ser prolongado e requer acompanhamento médico, curativos diários, dieta saudável e muito repouso.

Tratamento das Úlceras Varicosas

Este conjunto de orientações  tem por objetivo auxiliar a todas as pessoas interessadas em prestar assistência a seus familiares ou amigos portadores de úlceras varicosas na troca do curativo diário, desde que tenham autorização do médico assistente, e tenham noção de medidas básicas de higiene para que possam manter a limpeza da úlcera sem se expor aos materiais contaminados como secreções purulentas e ao sangue dos ferimentos.

Orientações básicas

A primeira iniciativa diante de um paciente portador de úlcera na perna deverá concentrar-se em obter a indicação de uma avaliação médica especializada – realizada por um Angiologista – o mais rápido possível.
Estabelecido os comprometimentos existentes na ferida crônica e as determinadas condutas do tratamento, caberá aos agentes de saúde incentivar e ajudar o portador desta enfermidade a seguir rigorosamente as orientações médicas e higiênicas prescritas.

Repouso

É fundamental, se tratando de úlcera por insuficiência venosa, fazer o repouso prolongado com pernas elevadas. Deverão ser usadas compressas de gaze, ataduras de crepom, elásticas ou meias elásticas sobre o curativo desde que tenham indicação, principalmente para os pacientes que levam uma vida mais ativa e naqueles em que a úlcera está em fase de cicatrização. Este procedimento reduz o acúmulo de sangue venoso na região, ajudando a acelerar o processo de cura.

Alimentação

O portador de feridas crônicas deverá alimentar-se de forma mais natural e dar premência a comida de verdade (frutas, verduras, legumes e oleaginosas), diminuir a ingestão de industrializados e carboidratos mais refinados (biscoitos, massas, pães, açúcar).

Importantíssimo: se manter sempre muito bem hidratado com água, nada de refrigerantes ou sucos industrializados.

Curativo diário

Os curativos devem ser feitos diariamente, considerando as condições de higiene imprescindíveis antes, durante e após o procedimento. Sempre que perceber alguma mudança no aspecto da úlcera, retorne ou leve o paciente imediatamente ao médico.

Acompanhamento médico constante: Mesmo com boa aparente evolução favorável, não deixe de retornar ao médico assistente periodicamente, para que ele possa fazer a devida reavaliação do caso.

Sequência prática de curativo simples residencial

Recomendamos fazer o curativo sempre com cuidados de higiene geral, mantendo o material a ser usado limpo e guardado separadamente. O lixo deve ser ensacado e rapidamente eliminado.

 

Curativo da ferida crônica – Orientação Prática

1. Como organizar o material a ser utilizado

Observe e separe com cuidado os materiais que serão utilizados no curativo:

• Gaze cortada em compressas

• Soro fisiológico ou água filtrada

• Luvas descartáveis de preferência (existem aquelas feitas de plástico poliuretano, bem acessíveis)

• Recipiente para apoio da perna ou pé, coberto com plástico e toalha de papel descartável. Uma sugestão é utilizar sacos plásticos ou bolsas de plástico de supermercado que podem recobrir uma bacia plástica. Ao terminar o curativo, é só fechar o saco plástico e o lixo já estará ensacado e pronto para ser eliminado, evitando assim a permanência de insetos no local e prevenindo contaminações.

2. Como fazer a troca do curativo diário

Prepare o material básico descrito acima num local tranqüilo, bem iluminado e arejado. Proceda da seguinte forma:

• Lave as mãos e coloque as luvas

• Prepare o paciente colocando abaixo do membro afetado o recipiente coberto por saco plástico e papel toalha

• Retire o curativo anterior com cuidado para não ferir a pele próxima à úlcera. Use soro fisiológico ou água filtrada para ajudar a umedecer e soltar as gazes que estiverem muito aderidas ao ferimento.

Importante: observe com atenção a quantidade e o tipo de secreção, pois estas informações são muito importantes e deverão ser repassadas ao médico sempre que este estiver reavaliando o paciente.

• Lave o local da úlcera com soro fisiológico ou água filtrada, passando suavemente gazes embebidas nestas soluções sobre o ferimento tentando remover as secreções. Caso encontre secreção em grande quantidade, repita o procedimento de limpeza trocando sempre a gaze até deixar o interior da ferida bem limpo. Não proceda à limpeza de maneira brusca e forçada, para não provocar sangramentos ou agredir células novas em granulação, principalmente na fase de cicatrização.

• Utilize, sobre a úlcera, somente a medicação indicada pelo médico, evitando excessos com muita pomada ou creme. Poderão ser associados vários anti-sépticos, aplicados sempre sob especificações corretas e com conhecimento médico. Evite improvisar ou misturar com soluções caseiras, que podem provocar reações alérgicas no local do ferimento, retardando, assim, o processo de cura.

obs.: Em nossa experiência com as úlceras varicosas procuramos usar o mínimo possível de pomadas. A cicatrização na grande maioria dos casos costuma ser facilitada, no entanto, siga as orientações do seu médico.

• Coloque a gaze sobre o ferimento em quantidade suficiente para protegê-lo bem e enrole com atadura de crepom prendendo-a com fita adesiva ou esparadrapo. Evite amarrar ou colocar qualquer adesivo em contato direto com a pele.

• Oriente o paciente para permanecer a maior parte do tempo possível com as pernas elevadas acima do nível da cintura, pois quanto mais tempo permanecer nesta posição, no caso de úlcera por estase venosa, mais será facilitada a cicatrização.

• Finalmente, oriente o paciente a não interromper a medicação sem o conhecimento do médico e sempre que tiver alguma dúvida, sensações dolorosas ou aspecto de agravamento do ferimento, com coloração e odores fortes, antecipar a revisão médica para não correr risco de complicações.

• Uma vez curada a úlcera, é fundamental manter as condutas preventivas com uma boa hidratação e alimentação natural para diminuir as chances de processos inflamatórios e consequentemente a ocorrência de recidivas de novas úlceras.

Fundamental: As revisões médicas periódicas são extremamente importantes para avaliar o sistema circulatório e controlar quaisquer desvios que possam retardar a cicatrização.